domingo, 13 de maio de 2012

Acordes Verdes levava o povo atrás do Trio


No início dos anos 80, o produtor fonográfico baiano Wesley Rangel contratou um grupo de músicos jovens para gravar os discos de uma musicalidade emergente. Neste grupo estavam Luiz Caldas, que tocava no Trio Elétrico Tapajós, Alfredo Moura, Cesinha, Carlinhos Marques, Carlinhos Brown, Tony Mola, Paulinho Caldas e Silvinha Torres.
Em 1984, basicamente este mesmo grupo viria a se tornar a banda mais virtuosa - na opinião minha e de muitos - que já se exibiu nos trios elétricos, o que não é pouca coisa. Estes acordes, de sonoridade mítica, misturavam, no Circo Troca de Segredos, pop, frevo, reggae e outros ritmos caribenhos, ijexá (afoxé), e assim foram intitulados Acordes Verdes.
Luiz Caldas e Acordes Verdes gravam, em dezembro de 1983 um compacto com as músicas "O Beijo" e "Como um Raio". A primeira, um antológico frevo composto para o Bloco Beijo, no qual a banda iria sair no carnaval de 1984, afinal a "Acordes Verdes leva o povo atrás do trio, nesta dança lance, lança, e o Beijo a mais de mil...". A segunda uma homenagem irreverente ao futebolista Osni, "...tão pequeno quanto a bola, mas tão grande quanto o gol...".
A banda Acordes Verdes continuou acompanhando Luiz Caldas quando este atingiu dimensão nacional, a partir do segundo semestre de 1985, com a gravação e divulgação da música Fricote (Luiz Caldas/Paulinho Camafeu).


Foto-montagem: Pedrinho da Rocha
Daí então mudam-se para o bloco Camaleão e dá-se o fenômeno do deboche/fricote, fruto das variações rítmicas e dos fantásticos acordes verdes de Luiz e seu grupo. Até 1989 a banda cantou, tocou e encantou:

"Pegue no cabelo,morena, que a vida vale a pena pra quem quer transar, ou não
o lance louco lado a lado, coração parado com o Camaleão
Se já te beijei, gostei, e se cantei, pulei, até o sol raiar
 Foi curtindo com Acordes Verdes e seus olhos verdes a me enfeitiçar."
(Cabelo Morena)

"Mas eu sou o assum preto do afoxé Qual é, qual é, qual é
Posso ser asa branca pra quem quer Qual é, qual é, qual é
Não vendo não troco nem dou minha fé Qual é, qual é, qual é
Paraíba pra homem ou mulher Qual é, qual é, qual é"
(Axé Pra Lua)

"Magia mente de marfim pele de cetim / Pelos dourados ao sol
sinto que sou um paiol pronto para explodir."
(Magia)

"Eu vou, eu vou, eu vou, eu vou pra avenida, de coração
Eu vou, eu vou, eu vou, eu vou bem vestida, de Camaleão."
(Reggae do Camaleão)

"Até a corda se balança na mão de um segurança quando quer pular ...
Segure a corda preferida da avenida, já são dez anos e a vida é só pular
Segure a corda preferida da avenida, Camaleão tá convidando pra chegar."
(Dez Camaleanos - 10 anos do Bloco Camaleão)

"Quero ver toda a massa cantando reggae
Sem se importar com a coisa que me carregue
Eu quero que o olho do Cíclope nunca se cegue
Ouvindo o reggae da Jamaica a gente sempre segue."
(Visão do Ciclope)

"Terezinha, Terezinha, quero te encontrar na minha
Quero te encontrar na minha
Deixe de fricote que amanhã vou te ligar,
Pra dançar deboche ou quem sabe namorar"
(Fricote da Terezinha)

"Vendo centauros montados em simples cavalos
Vi que eu estava tão doido a ponto de delirar
Mastroiani, Delon, Jack Lemon, o Estripador Romeu, Notre-Dame, corcunda, estrelato e pavor,
Se o estrelato maior é Beverly Hills Ainda prefiro o Rio"
(Beverly Hills)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Noberto - Compacto Brilhaê (1986)

Noberto, cantor do emblemático Trio Elétrico Traz os Montes, lançou este compacto no Bloco Brilhaê, em 1986, trazendo as músicas Fogueira e Balão e Coro do Povo, sendo esta com presença marcante no Carnaval de meados dos 80.

http://www.4shared.com/file/gPICSAoK/Noberto_-_Compacto_Brilhae.html

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Começando a Chegar

Nosso objetivo é resgatar a boa cultura carnavalesca da Bahia. O Carnaval elétrico das guitarras baianas criadas pelos eternos Dodô & Osmar, os ijexás (afoxés), o samba-reggae, e toda a mistura rítmica que está no DNA da chamada "axé music". Este termo (e a música carnavalesca baiana como um todo) se degradou de tal forma, principalmente a partir do meio da década de 90 passada, que hoje em dia é até complicado fazer essa vinculação. Mas quem quiser pode considerar como a "época de ouro da axé music".
Todos estão convidados a viajar no tempo e relembrar como funcionava essa festa, seus protagonistas, entidades e sons. Saravá!